“A família
representou o papel social na significação do aprendizado da leitura e escrita
em nossas vidas. A avó de uma de nós, mesmo nunca tendo freqüentado a escola,
tinha a crença que o primeiro presente a ser dado às crianças, tinha que ser um
livro, para que elas ficassem inteligentes. A mãe de outra de nós, mesmo tendo
cursado apenas o ensino fundamental, sempre comprava livros e lia histórias
para ela, representando seus significados e estimulando-a a ler. Todas
recordamos que na escola, aprendemos com cartilhas e não tinham relação social
alguma. O método era de repetição e exercícios de coordenação motora (como
cobrir os pontilhados para formar as letras). Ainda lembro, que no início do
letramento, por escrever a letra “a” de uma forma diferente da exigida pela
professora, tive que ficar a aula inteira repetindo a letra “a” na lousa, até
completá-la, da forma que a professora queria. Senti muita vergonha naquele
momento, e ainda hoje, quando escrevo a letra “a” do meu jeito, torno a
corrigi-la, mesmo sabendo não estar errada. Guardamos também um sentimento de
que éramos reprimidos e intimidados, trazendo conseqüências para nossa vida
adulta, pois nosso ensino era baseado em cópias e quando errávamos éramos
repreendidos de forma agressiva. Até hoje, temos medo de errar e de perguntar
quando não temos certeza, ainda ouvimos “não sabe, não sabe, vai ter que
aprender, orelha de burro, cabeça de ET”...
Texto próprio
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